É Conosco se interessa pela agroecologia, acreditando que as práticas de produção que imitam os processos da natureza, evitam romper o equilíbrio ecológico que dá a estabilidade aos ecossistemas naturais.
Conhecemos a Aline Cléa Sousa, produtora audiovisual e Pedagoga pela UFBA, e Anderson Soares, fundador da produtora Cine Arts, diretor cinematográfico, roteirista, produtor executivo e publicitário pela UCSAL, num evento sobre “transmídia”, onde nos falaram de uma série para TV sobre agroecologia que estavam desenvolvendo com o sugestivo nome “Floradas”.
Nos contaram de sua busca por projetos que tenham significância e que ao iniciarem essa jornada, muita coisa mudou em suas vidas pelo processo de convivência com os personagens.
Antes de começar a gravar, ficavam alguns dias na comunidade estabelecendo vínculos e buscando entender o modo de vida, em um relacionamento próximo com cada pessoa que seria entrevistada.
Entusiasmados, eles falaram do desenvolvimento e produção do projeto híbrido, meio ficção, meio documentário, um recurso que surgiu para que a série desse conta de abordar muitos dos problemas que envolvem a prática agroecológica no Brasil e despertar o interesse de um público que não é familiarizado com o assunto incluindo romance e aventura na narrativa.
A parte ficcional que tinha um cunho futurista, foi se aproximando da atualidade nos efeitos visíveis das mudanças climáticas, na medida em que a produção avançava. As previsões foram virando realidade em grandes chuvas e tempestades de areia reportadas no período.
Nas pesquisas de campo, foram vendo que a agroecologia é muito ligada aos povos originários, entendendo que a leitura europeia do tema, é na verdade uma releitura da prática indígena.
A agroecologia é o bem viver que o povo indígena aprendeu com a natureza
Em várias comunidades quilombolas e alternativas que seguem o mesmo caminho, foram percebendo que eles tem uma outra forma sociopolítica de viver e de conviver com a natureza, o meio ambiente e o homem.
Ao acessarem essas realidades, perceberam que teriam um material muito mais vasto e desenvolveram uma personagem que produz alimento na areia, mostrando uma nova maneira de como trabalhar o solo, como dialogar e se conectar com a Mãe Terra.
Visitaram agroflorestas com grande produção e vivenciaram verdadeiros rituais de contato físico com a terra relembrando brincadeiras de criança no chão.
Terra de caboclo
No sul da Bahia, a viagem teve um toque espiritual quando os “perrengues” da produção eram percebidos pela cacique indígena com quem tiveram contato. Anderson garante que ela sabia o que estava acontecendo a quilômetros de distância.
Só quem tem terras tem poder
Uma das personagens que particularmente emociona Anderson e Aline é a Ana Célia, uma ativista que vem de uma comunidade quilombola que trabalhava nas fazendas de cacau e que não tinha sapatos, roupas ou direito a escola. Ela percebeu que nas pessoas da comunidade preta ou quilombola, só estudava quem tinha terra, ou seja, só quem tinha terras tinha educação e poder. Então ela decide estudar para ser professora e ensinar mais pessoas para que elas tivessem educação e pudessem ter algum poder.
Na relação com os diversos grupos, foram percebendo a importância de mudarmos nosso modo de vida, nossa relação com o meio ambiente, com a qualidade do que comemos e das relações interpessoais.
A série “Floradas”, está em fase de finalização e foi aprovada pelo Fundo Setorial do Audiovisual, tendo como parceira para primeira janela de exibição a TVE e produção da Mantra Filmes e da Cine Arts.
Neste sentido, a vida da dupla mudou, bastante. Acabam de se mudar para a Ilha de Itaparica onde começam a plantar, numa convivência mais próxima com a terra, trocando o frango de supermercado pela galinha caipira.
Uma câmera contando as lendas e histórias na maior Baía do Oceano Atlântico
Outro projeto em desenvolvimento da dupla envolve um barco, uma equipe de aventureiros, pesquisadores especialistas cada um em uma área – Kirimurê: Uma Aventura na Baía de Todos os Santos, é um seriado documentário para o formato televisivo que aborda as riquezas naturais, antropologia, etnologia, trazendo também um olhar cinematográfico com imagens subaquáticas e aéreas.
Para se ter uma ideia do fôlego deste projeto, a equipe já pesquisou:
• 39 naufrágios na costa baiana;
• 56 ilhas;
• 18 cidades do recôncavo;
• 3 principais rios: Subaué, Paraguaçu e Jacuípe;
• 5 fortes históricos pertencentes à Marinha Brasileira;
• Um ecossistema rico em diversidade e raridades aquáticas e terrestres;
• Vários contos e lendas das localidades pesquisadas;
• Um povo peculiar e acolhedor;
• Uma culinária única no mundo;
• Religiões das mais diversas existentes;
• Lendas e histórias que poderão ser roteirizadas e dramatizadas;
• Roteiros turísticos terrestres, aéreos e náuticos;
• As riquezas naturais abundantes na Baía de Todos os Santos.
Este trabalho lindo, ficou adormecido por conta dos atrasos na liberação de incentivos do governo passado e agora volta para o pipeline de produção da dupla.
É conosco torce pelo sucesso da dupla entendendo que o audiovisual é uma grande ferramenta de transformação social.
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