É Conosco recebeu do amigo Ari Meneghini o primeiro livro da série - Eu, o meio ambiente e você – um e-book intitulado VERDE URBANO e distribuído gratuitamente para fins não-comerciais, com organização de Maurício Lamano, Ferreira Alessandro Zabotto e Fernando Periotto e projeto gráfico da UNAPRESS.
No prefácio destacamos essa frase que deixa claro o objetivo da obra:
“A imensa maioria das cidades brasileiras, infelizmente trata mal suas árvores ou simplesmente não se dá ao trabalho de plantar algumas delas nas calçadas.
No país mais rico em biodiversidade do mundo, somos obrigados a caminhar por desertos”.
Reinaldo José Lopes
Jornalista de ciência da Folha de S. Paulo
A capa é do fotógrafo Sebastião Salgado e os textos de fácil compreensão visam alcançar o “grande público” levando conhecimento e difundindo a construção de um mundo melhor, mais verde e azul.
Nossa curadoria selecionou pequenos trechos extraídos de alguns capítulos para “dar um gostinho” do que você vai encontrar no VERDE URBANO e quem sabe, inspirar-se para uma mudança de atitude.
Já na introdução, alguns insights
Mesmo ocupando menos de 3% da superfície terrestre, as cidades abrigam mais da metade da população mundial. Nas cidades ficam evidentes os padrões insustentáveis de consumo e de uso de recursos, impulsionando as mudanças climáticas e a perda da natureza e da biodiversidade.
Precisamos urgentemente repensar os modelos de ocupação urbana. Muitas cidades já estão comprometidas com um futuro mais sustentável e com o desenvolvimento verde. Mas ainda precisamos de ações mais impactantes para cumprir a Agenda 2030 e garantir que as cidades sejam espaços inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis.
Nesse sentido, é fundamental entendermos que nossa qualidade de vida está diretamente relacionada com a saúde dos ecossistemas urbanos ...
Denise Hamú
Representante do Programa das Nações Unidas
para o Meio Ambiente no Brasil (PNUMA)
Biodiversidade e arborização: pensar global e agir local
A conservação e o uso responsável da biodiversidade são fundamentais para a sustentabilidade ambiental, econômica e social de qualquer país ou região. A biodiversidade é a grande variedade de seres vivos que encontramos no planeta. Animais, plantas, fungos, microrganismos formam um sistema complexo, no qual cada espécie cumpre uma função na natureza e tudo se complementa, incluindo os seres humanos.
Quando em harmonia, a natureza nos provê água potável e alimentos saudáveis, dentre outros serviços que garantem a nossa existência. No entanto, o modo como ocupamos os territórios, utilizamos os recursos naturais e construímos as cidades ameaça a biodiversidade do planeta, reduzindo a diversidade da fauna e da flora. Isso também resulta em outros desafios globais, como crise climática, desigualdades sociais e pandemias ...
Valorize seu imóvel, plante uma árvore
Você sabe como fazer para valorizar seu imóvel de forma simples? Plante uma árvore na calçada!
Sim, isso mesmo.
Em tempos de procura por melhor qualidade de vida e ar fresco, fazer o paisagismo próximo ao seu imóvel, seja com um belo jardim ou com o plantio de uma árvore na área externa do imóvel, agregará valor na hora da venda. Estudos recentes sugerem que dois imóveis semelhantes em uma mesma região podem ser vendidos por preços diferentes, com maior valor ao que possui árvores e arbustos por perto ...
Desigualdade social e verde urbano
A região onde você mora tem muitas árvores? Você sabia que existe diferença na quantidade e qualidade da arborização urbana em áreas nobres e em áreas periféricas de algumas cidades? Pois é! Muitos municípios brasileiros são desiguais quando o assunto é o verde urbano. Enquanto os bairros nobres possuem árvores nas calçadas, praças e parques, valorizando financeiramente o bairro, suas casas e prédios, na periferia isso não ocorre. É comum ver nas regiões mais distantes do centro urbano crianças brincando na rua devido à falta de opções de espaços de lazer.
E por que isso ocorre?
Na maioria dos casos, a escassez de áreas verdes é por falta de planejamento e não por falta de espaço. Existem diversas áreas abandonadas e que podem ser transformadas em praças e parques ...
As árvores da cidade e os serviços ecossistêmicos
Serviços ecossistêmicos são os benefícios que o ambiente fornece para a sociedade por meio dos seus processos naturais. Eles dão suporte à vida, ao bem-estar social e possibilitam atividades econômicas. As árvores e áreas verdes urbanas fornecem uma série desses benefícios e muitas vezes nem os percebemos. As principais classes de serviços ecossistêmicos são:
· Serviços de Provisão: oferta de alimentos, árvores frutíferas, hortas urbanas, além de madeira e folhas que podem ser utilizadas para diversos fins.
· Serviços de Regulação: geram benefícios através dos processos de manutenção do ambiente. Eles são mais difíceis de perceber, pois muitos são invisíveis aos nossos olhos, como regulação da temperatura e da qualidade do ar. Outros são mais fáceis de observar, como a polinização e a absorção de água da chuva por áreas verdes, evitando inundações.
· Serviços Culturais: geram benefícios não materiais, mas são tão importantes quanto os anteriores. Neles estão incluídas atividades de lazer e recreação, apreciação da beleza natural e inspiração cultural, que podemos praticar em parques e praças.
Uma horta em meu quintal
O cultivo de plantas na residência é algo que marcou a infância de muitas pessoas. Podíamos escolher o que plantar, desde uma fruta, uma erva para fazer chá ou uma planta com flor muito bonita para embelezar o quintal. Mas as cidades cresceram e os espaços de terra foram sendo reduzidos. Nas grandes cidades, esses espaços se tornaram raros e a prática do cultivo de plantas foi sendo reduzida ao cultivo em vasos.
Nos condomínios residenciais, muitas pessoas continuam cultivando plantas nas sacadas, janelas ou mesmo dentro dos apartamentos.
Outro tipo de espaço para esse fim são as hortas comunitárias. Elas são espaços públicos que permitem uma diversidade de usos para a comunidade. Tais espaços podem ser construídos perto da sua casa, em uma praça ou parque. As atividades que você pode desenvolver nas hortas comunitárias envolvem lazer e educação, trazendo benefícios sociais e ambientais para o bairro ...
Caminhadas e pedaladas sustentáveis
Você já reparou nas vantagens que as árvores urbanas proporcionam aos ciclistas?
Nas cidades, as árvores oferecem sombra durante a pedalada, ajudam a controlar a temperatura local e fornecem umidade, tornando o ambiente agradável e fresquinho.
Além disso, áreas verdes atraem diversos pássaros e a cantoria dessas aves torna a trilha de bicicleta relaxante e divertida. Literalmente uma “trilha sonora”!
E quando as estações mudam? Seja no verão, inverno, outono ou primavera, não tem como o passeio ficar monótono! É possível contemplar árvores com diferentes folhas, flores, frutos, caules, cores, aromas e alturas. A bicicleta se torna mais que um transporte para viagens utilitárias: um instrumento recreativo e de lazer! E o melhor de tudo, as bikes nos ajudam com o desenvolvimento sustentável! Por serem movidas pelo esforço humano, ao pedalar, não há queima de combustíveis fósseis nem emissão de gases tóxicos como monóxido de carbono (CO).
Você pensa que parou por aí?
Na verdade, há outro benefício muito importante que precisamos te contar! Pedalar faz bem à saúde física e mental. Aumento do fôlego, melhora na circulação sanguínea, ganho de força muscular e redução dos níveis de estresse são bons motivos para você considerar andar de bicicleta ...
Árvore: patrimônio cultural
Nas cidades, geralmente conectamos patrimônio cultural às construções de valor histórico como uma igreja, pontes e esculturas, mas pouco se repercute essa noção com relação às árvores e jardins históricos.
Algumas árvores fazem parte da memória da cidade quando ligadas a fatos marcantes ou pelo seu valor paisagístico, e precisam de uma proteção especial ...
Educação ambiental e arborização urbana
A arborização é considerada uma opção para recompor os espaços vazios, contribuir com a beleza cênica das ruas, calçadas, praças públicas assim como dos jardins e quintais das residências, gerando espaços arborizados, proporcionando melhoria na qualidade de vida dos moradores, além de contribuir com a saúde física e mental.
E qual a relação da arborização urbana com a educação ambiental?
A educação ambiental pode trazer vários benefícios e fornecer conhecimento sobre a diversidade vegetal, além de estimular a conservação da flora da região ...
Plantando árvores, economizando energia
Árvores plantadas nas calçadas ou na frente das nossas casas criam espaços sombreados muito agradáveis para relaxar ou simplesmente caminhar pela cidade. Mas você sabia que as árvores também são muito eficientes para refrescar o interior de nossa casa, escolas e outras construções?
O conjunto de árvores e coberturas vegetais em uma cidade, que chamamos de floresta urbana, pode modificar o clima por meio do sombreamento e da respiração das plantas (evapotranspiração).
E por que isso acontece?
As árvores absorvem uma parte do calor do sol e atuam como uma barreira entre os raios solares e as construções, impedindo o aquecimento dos pisos, paredes e telhados.
Cegueira vegetal
O conceito de cegueira vegetal, proposto pelos botânicos norte-americanos James Wandersee e Elisabeth Schussler em 1999, diz respeito à incapacidade de notar as plantas e de reconhecer a sua importância no nosso cotidiano, à dificuldade em perceber seus aspectos estéticos e biológicos, além da ideia de que as plantas sejam seres inferiores aos animais.
... Nas cidades, onde os elementos naturais e ações humanas são bem mesclados, é ainda mais difícil ficarmos livres dos efeitos dessa cegueira. Por exemplo, é farto o número de pessoas que não consegue reconhecer as diferentes espécies de árvores existentes em uma praça ...
A culpa não é da árvore
Já ouviu alguém falar que a árvore causa transtornos ou que algo ruim acontece por culpa dela?
As árvores têm sido vítimas de preconceito há muito tempo. É comum ver pessoas alegando que têm que fazer poda nas árvores porque as folhas entopem as calhas, as raízes quebram a calçada, os galhos atingem a rede elétrica, porque o ambiente fica escuro, porque o ladrão sobe nelas e invade o quintal, porque podem cair com o vento, porque cobrem a fachada do comércio, porque fazem sujeira etc.
É vasto o rol de motivos infundados para colocar a culpa na árvore. Mas o que precisamos saber para entender que a culpa não é da árvore? Precisamos perceber que elas são, na verdade, reféns de nossas ações ou da falta delas.
Precisamos, primeiramente, de um novo olhar.
Nós as plantamos em locais inadequados, próximas a muros e edificações, em pequenas covas em meio a um solo pobre em nutrientes e muito compactado. Às vezes usamos manilhas para “forçar a raiz para baixo”, cimentamos o seu entorno até a base do tronco, deixando-as sem área permeável suficiente. Elas crescem com as raízes sufocadas, enoveladas e com condições de expansão quase nulas. Ao longo da vida, sofrem com podas mal executadas ou outras ações que causam mutilações que as enfraquecem, o que as deixa suscetíveis a infestações e doenças, acelerando sua degradação e levando à redução do seu ciclo de vida ...
Cidades-esponja
Quando pensamos em chuva em uma grande cidade, logo nos vêm à mente imagens catastróficas, com rios transbordando, carros tomados pela água, pessoas ilhadas etc.
Mas você sabia que podemos mudar essa realidade?
Nas cidades, devido à existência de muitas áreas impermeáveis, ou seja, com piso e asfalto, a água que antes conseguia infiltrar e alimentar o aquífero subterrâneo, agora escoa pela cidade. Então, essa água adicional que chega ao curso d’água acaba, muitas vezes, não tendo onde se acomodar, ocupando as ruas e gerando muitos inconvenientes para a população.
Mas e aí? Como resolvemos isso? Vamos ter que conviver com essas águas nas ruas para sempre? Felizmente, a resposta é não!
Podemos deixar a cidade mais permissiva à infiltração das águas no solo, fazendo com que menos água chegue ao rio e gere problemas para a cidade. E isso pode ser feito de diversas formas, desde criar espaços permeáveis nas ruas, como parques, praças, jardins de chuva e outras técnicas verdes, como dentro dos lotes, mediante canteiros, trincheiras, jardins etc.
A ideia é que a água tenha solo para penetrar e deixe de ir toda para o rio ...
Benefícios das florestas urbanas
Normalmente, pessoas que vivem em espaços urbanizados acabam tendo contato direto com as árvores nas calçadas, canteiros, praças e parques. Porém, em muitas dessas situações, elas acabam não pensando sobre a importância dessa vegetação, ou seja, nos serviços que ela nos fornece.
Você já se perguntou a respeito disso?
O conceito de “floresta urbana” considera todas as árvores presentes nas cidades, estando elas em calçadas, parques ou praças, ou até se são remanescentes nativos ou plantados. As florestas urbanas trazem diversos benefícios para nós, seres humanos, e estes benefícios já vêm sendo investigados por décadas.
Alguns deles são: a redução do chamado “efeito estufa”, a melhora da qualidade do ar e da água, além do aumento do conforto térmico, devido à presença das copas das árvores que reduzem a formação das chamadas “ilhas de calor” entre prédios, casas etc.
Reciclando vida!
Dados oficiais mostram que no mundo se produz, em média, 2 bilhões de toneladas de lixo doméstico por ano. Grande parte desse material descartado poderia ser reciclado e reutilizado, porém, não é isso que acontece em muitos lugares.
Após ser descartado nas portas de casa (ou proximidades), os caminhões coletores dos resíduos domésticos levam esse material para os aterros sanitários ou lixões, onde se formam amontoados de lixo orgânico (como restos de comida) e inorgânicos (como resíduos de vidro e plástico). Esses locais de despejo costumam ficar distantes dos centros urbanos devido aos riscos sanitários e odor desagradável emitido.
Depois de um certo tempo, junta-se tanto lixo e resíduos nesses locais que as autoridades públicas os desativam por conta da capacidade máxima atingida. O curioso é que essas áreas podem ser aterradas e transformadas em parques. Em algumas cidades que cresceram de forma muito rápida ao longo do século passado, como São Paulo, os antigos lixões, distantes do centro urbano, foram aos poucos sendo rodeados por novas casas, e novos parques foram criados sob essa montanha de resíduos (“lixo”) ...
Educar para preservar
A partir da educação e do conhecimento, podemos refletir, mudar hábitos e compartilhar experiências enriquecedoras. A escola é fundamental nesse processo. Por meio dela, é possível reconectar o aluno à natureza e desenvolver práticas sustentáveis que visam a preservação do meio ambiente. Essas práticas, que podem refletir em suas famílias e em toda a sociedade, podem ocorrer por meio da educação ambiental.
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